Ribeirão Grande – Laguna-SC

publicado em:12/03/19 2:37 PM por: Jurandir Figueiredo A Comunidade RGHistorias e Fatos-RGRibeirão Grande

A Comunidade de Ribeirão Grande – Laguna – SC

Publicado em: Domingo, 27 de Abril de 2008 |

Vista da Comunidade de Ribeirão Grande – Foto de: José (Braz) da Silva

A denominação Ribeirão Grande se deu pela quantidade de Ribeirões que existem na comunidade. Localidade integrante do Distrito de Ribeirão Pequeno – Laguna – SC, é uma comunidade rural, predominando como atividade principal a agricultura, mantendo-se até nossos dias com a Feira de Alimentos que são comercializados pelos agricultores de Ribeirão Grande, todas as sexta-feiras no centro de Laguna.


Chegando a Ribeirão Grande – Foto: Jurandir S Figueiredo

Tem uma importância significativa no desenvolvimento do Distrito, destacando-se no passado com atenção a saúde, com o Senhor Antônio de Bem Silva que fornecia aos doentes da região remédios homeopáticos.

 

A praça de Ribeirão Grande – Foto: Jurandir S Figueiredo

 

MEMÓRIA HISTÓRICA DE RIBEIRÃO GRANDE – LAGUNA –SC

Crônicas atribuídas a Antônio Silva, ex-seminarista e capelão da capela da localidade.
Matéria transcrita do Livro Tombo da Paróquia de Santo Antônio dos Anjos de Laguna, Matéria esta em poder da família de Malaquias Amorim). Para fazer constar em documento histórico a época de Ribeirão Grande, com rápida vista sobre o passado não muito remoto, fazemos ver que em 1900 havia nesta localidade umas 50 casas e hoje um total de 157, sem contar as de Cortical e Sambaqui, Onde se contam agora mais de 70, pertencentes a esta capela. Em 1900 não estavam arruadas ; porém, distribuídas pelo meio das propriedades. Faziam-se carreiras desde o regato até o morro ao lado da capela atual em construção.

Os morros da encosta de cá, já se encontravam desmatados em 1900. Havia muitos Banhados , que hoje estão mais secos, afastando mais para baixo o ponto.
A profissão dominante foi sempre a agricultura, só muito de leve entremeada pela pesca, ao contrário do que ocorre em Ribeirão Pequeno.
Os engenhos de farinha, hoje em número de 15, são antigos, de antes de 1900, não ocorrendo construção de novos depois de 1900. Em 1950 ainda se conservava o sistema primitivo aqui denominado “pouca pressa” que torneia à mão. Não se introduziram ainda os cilindros para raspar a mandioca e nem o sistema de fornear a boi.
Os engenhos de açúcar, num total de uns 25, são da mesma antiguidade e primitividade.
A produção de verdura para o mercado de Laguna é recente e trouxe o hábito de comer mais verdura nas famílias.
Os canoeiros costumam sair de madrugada, vendem no mercado de Laguna e estão de volta depois do meio dia. Quase todas as casas estavam combinadas com pequena chácara de café, sombreada com bananeiras.

A idéia de construir uma igreja em Ribeirão Grande apareceu a primeira vez quando se construiu a de Ribeirão Pequeno. Até havia uma pequena capela de madeira que se tratou logo de substituir por um templo maior, e foi quando entrou em discussão a localização da mesma em Ribeirão Grande.

Marcaram-se aqui dois locais, mas sem terreno para cemitério, razão porque perdeu força a opinião a favor de Ribeirão Grande e desapareceu a idéia de uma igreja aqui.
Mas, já antes da construção da primeira capela de Ribeirão Pequeno , já nos tempos de fins de império e começo da República (1889) o Padre Mário El João Luiz da Silva, vigário de Laguna, percorria estas encostas rezando missas em casas particulares , principalmente nas mais amplas e de melhor preparo, em Ribeirão Pequeno e em Ribeirão Grande, na ocasião fazendo batizados, casamentos e visitas aos doentes.

Em Ribeirão Grande tem rezado algumas missas em casa de Albino da Silva, a 150 metros da atual capela na direção do Matutu. Outras missas tem rezado em casa de João Hipólito de Bem, 300 metros na frente da capela, rumo ao Cortical na encosta do morro.
Construída a capela de Ribeirão Pequeno, cessaram as missas em casas particulares, aparecendo o padre apenas para visitar os doentes.

O povo passou a freqüentar a mencionada capela.
Já havia e continua a se manter o costume de se rezar terços em casas particulares.
Quando alguma pessoa fazia promessa a determinado santo ia promover o seu terço na casa em que encontrasse uma imagem ou quadro do mesmo.. Alguns destes terços eram animados e festejados com jogos. Em terços em dias do Santo, escolhiam-se até mordomos e se fazia arremadatação de prendas e baile no fim.
Os mais concorridos eram os de São Manoel e do Senhor Bom Jesus , na casa de Manoel Bernardo Cardoso, em Cortical.
Por volta de 1915 a 1920 residia em Ribeirão Grande a professora Celestina Fortunato de origem italiana, casada com João Antônio de Bem, que dava doutrina, aos domingos rezava o terço, preparava as crianças para a primeira comunhão por ordem do padre vigário. Nestes trabalhos era auxiliada pelo seu cunhado, professor Eduardo Antônio de Bem, que lia o Evangelho e fazia outras leituras espirituais ao povo após o terço de domingo. A casa de Dona Celestina ficava à direita do caminho, a 30 metros antes de se chegar à capela nova.
Por ocasião das visitas paroquiais em Ribeirão Pequeno, o padre, às vezes, vinha visitar a escola, auxiliar a professora esforçada. Isto era em sua casa particular e não na escola, para a qual foi nomeada posteriormente.
Dona Celestina era notória pelo esforço e sob sua influência e de seu cunhado Eduardo Antônio de Bem se foi marcando a religiosidade do povo de Ribeirão Grande. Seu nome se firmou na memória do povo. Um filho de Dona Celestina, Osvaldo de Bem, esteve no seminário e seguiu depois a carreira militar.
Por influência deste menino, seguia depois também para o seminário Antônio Silva que desistiu no 5º ano ginasial, mas que no futuro chefiava a fundação e organização da capela. Padre Jaime Câmara , em princípio de 1928 visita a família do seminarista Osvaldo de Bem , ou seja, de Dona Celestina, e foi quando levava Antônio Silva e mais outro seminarista.

O futuro cardeal deu também uma catequese às crianças, debaixo de uma ameixeira muito rodada, ao lado da morada de Dona Celestina. Depois de 1930 começou a pronunciar-se o movimento por uma outra capela em Ribeirão Grande, mas o Padre Bernardo Thilippi, vigário da paróquia (1933-1948) lhe deu incentivos, rezou porém uma missa no local antes mencionado, sem a ameixeira, já decepada e sob novo proprietário Custódio Nicolau da Rosa, que permitia a continuação dos terços.

Dona Celestina se havia retirado para Laguna e dali para Blumenau. As coletas que se faziam nos terços iam para a capela de Ribeirão Pequeno.

A atual capela se decidiu com a viúva em 1948, como pároco de Laguna , Padre Warmeling, colega de Antônio Silva, no Seminário de Azambuja.

Abaixo transcrevem-se as mencionadas notas.” Desde longos anos, alimentava o povo desta localidade o desejo de construir uma capela para as suas devoções.
Até a presente data não fora possível tratar do assunto devido as reformas que se faziam na capela de S/ao Brás de Ribeirão Pequeno. Terminadas aquelas, resolveu o povo pôr em execução o plano desde muito desejado.
Para isso, consultou-se o revmo. Padre Gregório Warmeling , vigário de Laguna, que prontamente apoiou e incentivou a santa vontade do povo.

Aproveitando-se o ensejo da visita pastoral de Sua Excelência Reverendíssima, Dom Joaquim Domingues de Oliveira, digníssimo Arcebispo Metropolitano de Florianópolis, à capela de São Brás de Ribeirão Pequeno em 16 de junho de1948, submeteu-se à apreciação do ilustre e venerando antístite o plano em apreço.
Depois de examinado o caso, houve por bem Sua Excelência Reverendíssima, atender favoravelmente o justo pedido do povo, autorizando-o a fazê-lo oficialmente por um abaixo-assinado. Com 209 assinaturas seguiu para Florianópolis, sede do arcebispo, o referido abaixo-assinado que foi paternalmente despachado por Sua Excelência Reverendíssima.

Com a aprovação e bênção da Arquidiocese, deu-se início aos preparativos da nova capela. Para que o objetivo fosse atacado com mais fé e entusiasmo, após o terço de domingo, dia 26 de dezembro de 1948, festa do protomárter Santo Estevam, na residência do Sr. Custódio Nicolau da Rosa, local onde o povo fazia suas devoções, em reunião, foi escolhida para padroeira da projetada capela e desta localidade: Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
À tarde cantou-se uma novena festejada em honra de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, desde então padroeira desta localidade. Para que ficasse oficialmente confirmada a escolha feita pelo povo, foi a mesma submetida ao arbítrio de Sua Excelência Reverendíssima o Sr.Arcebispo Metropolitano que carinhosamente a confirmou e a abençoou.

Para o chão da capela, foi comprada por Cr$ 15.000,00 uma propriedade que continha uma casa de tijolo de cinco (5) metros de frente por doze (12) de fundos que, com a autorização da Cúria Metropolitana, foi com poucos reparos, transformada em capela provisória.

Assim, graças à cooperação do Padre Gregório Warmeling, à generosidade de Sua Excelência Reverendíssima Dom Joaquim Domingues de Oliveira, proteção e bênção de Maria Santíssima, o povo desta localidade viu realizados dentro de poucos meses. Havendo encarregado a Antônio Silva de promover sua construção, este logo tomou o comando dos terços um tanto relaxados, reuniu donativos e escriturou os livros.

Adquiriu-se logo um terreno com uma casa da viúva Martina da Silva Fraga, era chegada da porta de quem vem chegando à igreja. A casa foi logo aberta e apropriada para capela, acrescentando-se na frente uma pequena fachada com uma cruz e nos fundos uma sacristia de madeira.

Antônio Silva na qualidade de encarregado da capela, escreveu crônicas para o Apostolado e redigiu à parte algumas notas históricas, até abrir-se o livro de atas da Comissão da Igreja e se fundar a devoção de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, cujos zeladores são homens e cuja diretoria é também Comissão da Igreja.

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Enviado por: Josè Brás da Silva



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